Meu querido Tiago...(A Certeza da Dúvida) nada me dará mais prazer do que te dar "luta". Para falar verdade, quando li o teu post pensei imediamente se haveria ou não de te conceder uma resposta. De qualquer das formas, após ter lido o mail que me enviaste, não resisti à tentação...
Primeiro que tudo...quero esclarecer um ponto. Receio que no teu post tenhas feito uma ligeira distorção daquilo que referi em relação ao terrorismo. Isto porque, não defendo de forma alguma que os fins justifiquem os meios. E penso que isso está bem delineado no meu post: "...e também se poderá aplicar ao caso da ETA. Isto porque, nestas duas situações acima referidas, não se dá o caso de violência gratuita, de sangue pelo sangue. Nestes casos referidos temos uma razão, um motivo, algo que permanece como causa de luta (apesar de a forma de actuação não ser legítima)."
Em segundo lugar...a única razão pela qual eu defendo uma tentativa de diálogo em relação a determinados grupos terroristas é precisamente pelo facto de estes possuírem algo (neste caso, a causa defendida pelo grupo) que possa servir de ponto de partida para uma possível negociação. Ou seja, algo que em que possas "pegar" para precisamente por um ponto final neste "cancro" que é o terrorismo.
Tendo em conta a delicadeza deste assunto, na minha opinião, é um erro crasso estares a pôr tudo no mesmo "saco". Os processos eficazes de combate ao terrorismo não passam pela política do "alinha-os todos em fila indiana e fuzila-os". Tal como disse no meu post acerca deste assunto, a realidade é bem mais complexa do que isso. E é devido a essa complexidade que esses processos devem ser mediados individualmente, dependendo obviamente do contexto. Seria muito bom sem dúvida, se as coisas funcionassem do modo como tu as vês, se fossem assim tão lineares. Atrevo-me até a dizer, que enquanto eu mostro uma faceta mais prática da questão, tu mostras a tua face mais idealista em relação a este tema. Mas a verdade, é que enquanto estamos aqui a divagar, mais um ser humano foi sacrificado à custa do terrorismo. A minha pergunta é apenas tão simples quanto isto...será que não há uma melhor forma de resolver as coisas? Sinceramente...acho que em determinhadas situações essa forma pode existir.
Em relação a uma das críticas que eu teci no meu post...foi precisamente a postura do mundo a "preto e branco" que tu mostras na tua crítica. O mundo não é feito de um agregado de cores estanques. Estas misturam-se entre si e dão origem a uma enorme complexidade de telas.
Se o terrorismo é insustentável? Sem qualquer sombra de dúvida. Então talvez valha a pena tentar travá-lo, mas da melhor forma possível. E qual será essa forma? Talvez com o menor derrame de sangue possível.
Quantas mais pessoas terão de ser sacrificadas, Tiago?