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Baboso pela Europa

Finalmente voltou a política em movimento! (corrente política de origem manuel-monteirista inspirada pela 'TV em movimento' do mítico João Baião) Numa altura em que se pensava que tal movimento estaria obsoleto, graças à seriedade cinzentista-paranóide da política portuguesa dos últimos 4 ou 5 anos, eis que o pimba político volta a estar na berra! Há que dar os méritos desta ressurreição à figura jactantemente alimariana que é Durão Barroso.

Depois da paixão de Guterres, veio a missão de Barroso. Um projecto de longo prazo, 8, talvez até 12 anos. O grande e tantas vezes reciclado timoneiro iria levar-nos a todos para fora dos pantânos e baixios do défice, e, ao fim de 12 épicos anos, todos festejaríamos a descoberta do Novo Mundo da prosperidade económica. O povo tentaria carregar Barroso pelas ruas sobre braços entusiastas, comemorando o triunfo do esforçado e honesto salvador da Pátria.
Mas eis que, para a surpresa reverente de todos, Durão limitar-se-ia a rejeitar todos os agradecimentos e distinções com um estóico gesto de abandono: 'limitei-me a cumprir o meu trabalho em prol da Nação'.
Os pássaros cantariam, o arco-íris sorriria, e o sol pôr-se-ia no horizonte, enquanto os olhos de Barroso lacrimejariam as lágrimas do Tejo.

Mas, e infelizmente para os realizadores de Hollywood pós-12 anos, a Epopeia de Durão Barroso não passou, na melhor das hipóteses, de uma Elegia ao conceito de dignidade; e, na pior das hipóteses, de uma Farsa rocambolesca. Com uma pitada de Comédia, diga-se. 
Bom, bastou um sussurro das sereias de Bruxelas aos ouvidos do timoneiro para que este se atirasse orgasmicamente da amurada do navio, arrastando a sua pobre missão borda fora, e esta, coitadita, não sabia nadar. Este foi o momento mais heróico da História portuguesa desde que Graciano Saga editou o seu marcante álbum 'Por favor não batas na minha filha'.

Não tardou a que tudo regressasse ao normal. A opção racional e coerente, que seria manter o governo anterior, com os mesmos ministros e Ferreira Leite no comando, foi obviamente esquecida tendo em vista a impopularidade óbvia de tal escolha. Em vez disso, e de modo absolutamente inenarrável, foi nomeado um governo em movimento, dirigido por uma das mais promissoras figuras do showbiz político.
Os próprios correligionários do timoneiro emigrado para a Bélgica tentaram esconder o ardor no traseiro que este lhes deixou durante a fuga através de sorrisos plásticos, assim como da repetição da mantra 'isto é um orgulho para todos nós; isto é um orgulho para todos nós;...' Curiosamente, a maior parte do país também adoptou tal moda, o que mostra que de facto o acto de pensar não é uma prioridade nacional.

Entretanto a nau cor-de-rosa preocupa-se em encontrar o seu próprio candidato em movimento, o seu próximo apresentador de comícios, e tudo indica que este será Sócrates.

Com tudo isto, surge uma dúvida legítima: o macaco Adriano aceitará concorrer às presidenciais?