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Abulafia

O teclado é suave, e o brilho do ecrã agressivo. O palato cromático do desktop é a proverbial caixa de chocolates. Os dedos correm, soltos, congeminando a alquimia das palavras, das frases, de pensamentos intímos. O frio probabilístico dos bits transmuta-se e renasce, caixa de Pandora no seu fogo etéreo; o Verbo é recriado por analogia. Resta a loucura do placebo, quando os olhos iludidos do voyeur captam a aparência do segredo que não o é, e a máquina entra num estável e pacífico curto-circuito. Na caixa, intimidade é exposição, e exposição é vaidade psicótica, um pêndulo obstinado ao ponto fixo do Desiquilíbrio.
Fingimento. É que, Pessoa estava incompleto, e talvez sempre tivesse acreditado nisso; o Poeta é um fingidor apenas na medida em que é Homem, e todo o Homem é um fingidor. O Poeta é o fingidor sublimado.

Mas agora só interessa a epistemologia da líbido. Sombra de um arquétipo, arquétipo de uma sombra. E depois vai-se à caça de gambuzinos.

Sic transit gloria mundis. A Vida renasce a cada instante, e é bela.